Profª. Drª. Esméria Rovai
Profª. Drª. Helena Gemignani Peterossi
Prof. Dr. José Cerchi Fusari
A partir do entendimento que os currículos não são fins, mas meios para o desenvolvimento de competências, a busca por práticas pedagógicas que promovam a construção social de aprendizagens significativas e úteis para o desempenho produtivo, em uma dimensão real, passa a nortear as reflexões no âmbito educacional.
Os princípios que regem a concepção de currículos por competência, flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização, favorecem a elaboração, a revisão e a atualização permanente, na medida em que facilitam o planejamento integrado e valorizam os aspectos qualitativos no processo de aprendizagem dos alunos. No entanto, a ênfase no desenvolvimento de competências pressupõe rupturas na metodologia adotada e na dinâmica interna dos espaços escolares. Há necessidade de superar a aplicação instrumental dos conteúdos.
Os conteúdos deverão compor um arcabouço consistente, que uma vez assimilados pelos alunos de forma crítica e dinâmica, poderão ser mobilizados para a solução de problemas identificados em situações reais no contexto da área profissional. Um outro ponto de apoio, também importante para a formulação de currículos para a educação profissional, é centrar a formação no aluno, reconhecendo seu papel, potencialidades, expectativas e dificuldades. Este trabalho, de abordagem quanti-qualitativa, analisa o processo de implementação de uma nova proposta curricular para o ensino técnico oferecido nas escolas do Centro Paula Souza.
A nova proposta curricular, que traz o Trabalho de Conclusão de Curso como um requisito obrigatório para a obtenção do diploma de técnico, é originária de um estudo coletivo e sistematizado dos indicadores da própria instituição, do perfil sócio-econômico do aluno matriculado no ensino técnico, das demandas do mundo do trabalho e dos preceitos estabelecidos nos dispositivos legais.
Ao considerar que atitudes tradicionais cristalizadas no ambiente escolar não são substituídas automaticamente por outras, é possível verificar que a construção de uma nova prática, embasada em princípios da interdisciplinaridade, apesar de figurar como núcleo de reflexões e eixo de discursos ao longo de décadas, constitui-se, ainda, em um horizonte a ser buscado. A coleta de dados sobre o processo de implementação do TCC se deu por meio de aplicação de questionários estruturados junto aos alunos, professores e coordenadores.
A investigação junto à direção das escolas foi realizada mediante entrevista semi-estruturada. Somou-se a esse cabedal de técnicas para obtenção de dados, a observação in loco, assistemática, realizada em três escolas selecionadas, o que permitiu a confrontação das exposições orais e escritas, realizadas pelos sujeitos da amostra, com o ambiente educacional observado, sua dinâmica e aspectos físicos.
O resultado da investigação foi organizado em gráficos e textos, o que possibilitou, à luz das teorias, a identificação de condições e posturas distintas e, muitas vezes, conflitantes, destacando-se as questões relativas à interdisciplinaridade, ao planejamento e à gestão da implementação do TCC no ensino técnico.